- Painel
No Painel convida #19 : -Arthur Dias - Rastelo Roxo
No painel convida dessa semana: Arthur Dias vive na cidade de São Carlos/SP. Publicou seu primeiro livro digital de poemas, Barraforte, em 2016 pelo Livre Opinião – Ideias em Debate. Estudou filosofia e literatura pela UFSCar. Escreve, desenha e trabalha como educador. É editor da Revista Textou (@revistatextou) no Instagram.
PITAIA
acabo de cair de joelhos.
a pitaia nas minhas mãos
gigantescas
mordo o interior
do jogo
a casca de cimento
rosa
e me transformo em barro
parede
santo
de igreja decadente
deixo a carne
da pitaia
derreter a tempestade
e rezo obscuro
depois sou fruta
doce
nunca alimento

AS BAÍAS
esse pé viscoso
da ordem
nas baías do meu corpo
nu
não fale sobre prédios de vidro
num dia claro
grite sobre como afloram
os papéis brilhantes
dos boatos
de albergues abandonados
fale sobre a música
no último andar
do meu sonho.
até ali corre
uma sanidade líquida
alta
sua violência não me ensina
como abrir as cápsulas
de amanhã
bebo um copo
da ciência das algas.
os dedos do seu pé
não sabem tocar minha língua geográfica
- uma praia tropical -
dentro da boca.
nada toca
a manchete que invento
nervos absorvem uma harmonia
paquiderme
toda poesia é um alicerce
corroído
uma colherada de plumas
numa boca cheia
de ódio.

CHEGOU A HORA
chegou a hora
da tempestade.
uma versão mínima
dos meus rituais.
chegou a hora
do marasmo
abrindo
anúncios de risadas
cheias de pedaços de verdade.
de uma casa com o vento correndo
uma versão vagabunda
das brisas da manhã.
chegou a hora de vender
a segunda semana do mês
de vender os dias corridos
e trocar por uma versão vagabunda
de sentido
chegou a hora da tempestade
varrer a casa
endurecida
e a porta
está aberta.

MORAL
Quem regula o contato
do santo e do egoísta
que estabelecem
um contrato
um tanto crítico?
pesa de um lado
só seu
o mesmo que seu oposto
sabático.
e o quanto entorta de um lado
a balança
que viaja e economiza
e descobre tão pouco
e corre de um lado
pro outro?
em movimento
o contrato é o corpo.
não se pede de volta
nem é possível dar
o troco.
o contrato é o corpo
que age e rege
o tanto que a vontade
pode sustentar
seu próprio sopro.

Conheça mais o trabalho de arthur Dias atraves : Tumblr: rasteloroxo.tumblr.com
Instagram: @arthu.dias